"A Grande Virada"

O nome deste filme já diz tudo. Ou você nunca parou para pensar como é que um simples par de chinelos (que há alguns anos atrás era praticamente um atestado de pobreza) alcançou status de sandálias de luxo e é vendido por valores exorbitantes mundo a fora? 

Sim, meus queridos(as). Tem atriz americana, modelo famosa e gente com muito dinheiro no bolso - e principalmente no banco - vestindo um produto original do Brasil com muito orgulho. Mas é claro que você ainda despreza tudo que o seu país produz porque o que vem de fora é melhor. Que pena.

Na Europa, por exemplo, você compra uma Havaianas por quase 100 reais. E se engana quem pensa que eu estou falando de modelos exclusivos com estampas diferenciadas. Eu estou falando daquelas basiquinhas mesmo.

Caso você ainda não tenha entendido o quanto a Havaianas é elitizada lá fora saiba que, em 2003, todos os indicados ao Oscar receberam o seu parzinho de presente.

Ah sim, mas você gosta de coisa demarcaimportada, né?! Então vai lá no seu closet e pega aquela blusa super exclusiva que você trouxe da sua viagem internacional super chique. Olha lá na etiquetinha onde ela foi fabricada... eu espero. Ah, que surpresa... na CHINA! E digo mais... sua bolsa é importada e custou uma fortuna? Legal, mas ela foi fabricada na CHINA. E aquele boné de marca que você parcelou em dez vezes? É, ele também veio da CHINA.

De uns tempos para cá eu, minha mãe e minha avó criamos o (péssimo) hábito de dar uma espiadinhas nos rótulos e etiquetas (de absolutamente tudo) para saber quem foi o país produtor. E, é claro que 90% da vezes, os itens que compramos foram fabricados na China. Objetos de decoração, roupas, acessórios, aparelhos eletrônicos. Absolutamente-quase-tudo.

E como você explica que, podendo comprar um chinelo chinês por aproximadamente três reais, as pessoas ainda compram Havaianas? O que nos diferencia dos chineses (além das condições de trabalho infinitamente melhores e mais humanas)? Uma só palavrinha: MARKETING.

O Brasil não está preocupado em produzir muito com baixo custo e exploração de mão-de-obra. Ele está preocupado em ter marcas fortes, consolidadas, conhecidas, ecologicamente corretas, com produtos de qualidade e muita tecnologia, oferecendo benefícios inclusive para seus funcionários. E, é claro, também está disposto a gastar com algo essencial: propaganda boa. 

Outro bom exemplo é a Melissa, que faz bater mais forte o coração qualquer mulher. Aqui por 70 reais e lá fora por 70 euros. 

Mas realmente, para que ter uma Havaianas linda (que não deforma, não tem cheiro e não solta as tiras)? Melhor mesmo é comprar um chinelinho de plástico descartável da Chanel (produzido na China e etiquetado nos Estados Unidos) por apenas um salário mínimo...


Para quem gosta do Brasil, do consumo consciente e não troca suas Havaianas por nada. 

Um beijo,
Mari.